
Maison&Objet: como as feiras de design coordenam as tendências?
Começou ontem a feira Maison&Objet, uma das maiores feiras globais de decoração e mobiliário da atualidade. Sediada em Paris, na França, o evento já acontece há quase 3 décadas com duas prestigiosas edições anuais – além de uma feira digital permanente, a Maison, Objet & More, da qual orgulhosamente fazemos parte.
Essa feira é uma ocasião brilhante para trazermos um debate sobre como a nossa ideia de tendências é formada. No segmento da arquitetura, do design e da decoração, funcionamos com algo conhecido como hivemind – em português, uma mentalidade de colméia, que diz respeito à inteligência coletiva que move um determinado grupo na mesma direção. Essa mentalidade é alimentada por ocasiões que alimentam a criatividade e injetam novas ideias nesse organismo, fazendo com que todos sejam capazes de, por assim dizer, falar o mesmo idioma. Em outras palavras, nossa mentalidade coletiva é aquilo que chamamos de tendência.

E essas tendências surgem justamente onde elas podem não só ser divulgadas, mas também validadas. As propostas que surgem onde elas podem ser comunicadas e debatidas, como nas redes sociais, são válidas, mas não contam com o filtro técnico que só eventos, feiras e outras ocasiões podem dar. O contato entre fornecedores, projetistas e usuários é essencial para tornar qualquer processo criativo uma realidade concreta, funcional e coerente.
Nesse sentido, as feiras não são só oportunidades de compra e venda, mas também um super networking que constroi relações criativas eficazes e alimenta a criatividade de todo o setor. Dessa maneira, garantimos o alinhamento sobre, por exemplo, novas tecnologias que permitirão a evolução constante dos projetos que criamos. Essas novas tecnologias surgem em setores mais ligados à engenharia, que desvendam novas formas de usar matérias-primas, equipamentos e técnicas e desenvolvem a semente das técnicas inovadoras. Essa semente, por sua vez, é plantada pelas indústrias do setor de design, que traduzem a técnica em resultado. Materiais inovadores como o Vime Sintético surgiram assim: a combinação entre maquinário inovador e matéria-prima foi só metade do processo. A outra metade fica nas mãos das mentes criativas que desvendaram uma demanda de mercado e uma forma fantástica de realizá-la.
E essa demanda surge da observação de tendências. Isso quer dizer que essas mentes criativas, ao sugerirem a invenção de um novo material, observaram que o mundo estava caminhando em uma determinada direção. No caso do Vime Sintético, o estilo clássico e campeiro, que remete à nostalgia das casas dos avós e de um passado com muito menos tecnologia, foi observado como sendo um ponto norteador do estado atual da cultura global. Essa tecnologia passa por nós, que transformamos material em produto, e é exibida para o mundo através desses grandiosos eventos dos quais fazemos parte e que são visitados pelo olhar atento de quem torna projetos em realidade: arquitetos, designers, decoradores. Um sistema codependente, mas profundamente linear – de fato, como uma colméia.


Mas estamos falando sobre o lado dos visitantes da feira. E apesar de também fazermos parte desse segmento (buscar inspiração é essencial!), é ainda mais frequente a nossa presença do lado de quem faz acontecer. Em 2025, participamos de uma média de uma feira por mês – e podemos dizer com certeza absoluta que não existe nada melhor para desenvolver nossa visão de design enquanto indústria do que entrar em contato direto com quem cria as nossas demandas: o cliente. Se as tendências surgem numa mentalidade de colméia, o cliente atua como a abelha, que faz a ponte entre um setor e o outro levando demandas, sugestões e necessidades.
É aí que surgem as expectativas de mercado que fazem a indústria girar. Não é raro um cliente sugerir, por exemplo, que um determinado tipo de produto para áreas internas seja desenvolvido por nós numa versão outdoor – as melhores ideias surgem dessa troca, inclusive, porque entender o que o mercado realmente precisa é exatamente o que torna uma indústria necessária, racional e objetiva. Se não, estaríamos criando por criar, sem propósito algum.



E para nós, isso acontece nacional e internacionalmente: no Brasil, feiras como a ABIMAD e o Salão de Gramado são importantes oportunidades de contato com nossos parceiros e pontos de vendas. Outras oportunidades como a SP-Arte e a CASACOR nos conectam com o universo artístico através das mentes criativas dos designers e arquitetos. E, claro, nossos eventos internacionais, como a Semana de Design de Milão, nos conectam com um público global e nos mostram o que precisamos explorar para levar nossas ideias para horizontes cada vez maiores. E assim vamos crescendo – enquanto indústria, enquanto mentes criativas e, principalmente, enquanto membros de algo muito maior: todo um universo coordenado de design. E, claro, esperamos você na semana que vem para te contarmos ainda mais sobre esse universo.
Um abraço,
Studio Lovato
Leia mais.
Descubra mais do universo da Lovato. Veja mais postagens »


Design e recursos naturais: temos prazo de validade?
