Design e recursos naturais: temos prazo de validade?

Qual é a nossa pegada no planeta? Muito se fala, hoje em dia, da pegada de carbono. Mas há outros traços que todos os seres vivos podem deixar quando seu ciclo de vida se encerra. Fósseis, ossadas e objetos históricos são alguns dos exemplos mais relevantes para o estudo de espécies e sociedades que vieram antes de nós. Mas você já parou para pensar o que vamos deixar para que as gerações futuras possam aprender sobre o nosso tempo?

Hoje, vamos falar sobre recursos naturais e durabilidade dos materiais – um tema muito relevante para o design e a arquitetura, que buscam criar projetos duradouros em forma, material e conceito. Afinal, construímos para durar. Não queremos jogar fora nossos pertences por pura falta de resistência – é desperdício de dinheiro e de recursos, no mínimo. Mas o que significa construir para durar? E o que vale a pena pensar sob essa perspectiva? 

Esse é um assunto muito interessante e que se alinha muito com a nossa filosofia de produção e consumo. Nós não acreditamos no conceito do “descartável”, do “jogar fora”. Até porque não existe “fora” – todo o lixo que produzimos vai para algum lugar após o seu descarte. Temos a péssima mania de achar que, só porque algo some da nossa vista, essa coisa deixa de existir. Mas isso não é verdade, e esse fato se comprova quando levamos em consideração as 82 toneladas de lixo que o Brasil produz por ano. Se isso não parece muito pra você, pense que essa quantia corresponde a 206 estádios de futebol, cada qual com aproximadamente 147.000 metros quadrados. E, por estatística, esse número só cresce. E cresce para dentro do nosso planeta, com espaço e recursos limitados. 

Para contornarmos esse problema, temos duas grandes soluções que se relacionam de uma forma interessante: são soluções opostas. A primeira é a de utilizar objetos que se esvaem rapidamente na natureza. A segunda, de maximizar a durabilidade de tudo que possuímos.

Para a primeira solução, a proposta é substituir tudo aquilo que demora para se esvair por matérias-primas de rápida decomposição. Afinal, a maior parte dessas 82 toneladas anuais de lixo é composta por plástico, que demora 500 anos para desaparecer (e ainda deixa micro resíduos extremamente danosos à saúde). Os primeiríssimos objetos inventados em plástico, no século XIX, ainda existem (e praticamente inteiros) – e continuarão existindo por mais centenas de anos. 

Pense em todos os seus objetos de plástico, absolutamente todos. Eles ainda vão existir por mais dezenas de gerações – independente de serem descartáveis ou não. Aquele copo plástico, a sua embalagem de shampoo, o brinquedinho do seu cachorro. Ah, e não conte com a reciclagem: um plástico pode ser reciclado apenas 5 vezes antes de perder essa propriedade, e nem todos os seus tipos podem passar por esse processo. Então, a primeira solução se baseia em substituir parte do problema por itens que se decompõem muito mais rápido, como o papel, que leva apenas 3 anos para desaparecer, ou em materiais que podem ser infinitamente reciclados, como o alumínio. 

Mas há objetos que precisam do plástico. Há também aqueles que precisam durar – e é aí que se firma a segunda solução sustentável. Construir itens feitos para durar, que não precisarão entrar na contabilidade das 82 toneladas de lixo, é a proposta na qual acreditamos. Não acreditamos na famosa “obsolescência programada”, responsável pela necessidade de substituição constante de itens de uso contínuo como celulares e computadores. Queremos que nosso móvel seja comprado apenas uma vez e usado para sempre. Então, buscamos materiais que propositalmente resistem não apenas ao clima, mas também à passagem do tempo, para firmar nosso compromisso com a sustentabilidade e com o desejo por um mundo com menos descartes. 

E o motivo dessa ideia é claro: nós não queremos ter prazo de validade, mas sabemos que pode ser que o mundo tenha se não mudarmos nossas atitudes. Substituímos recursos naturais por itens de grande durabilidade para tirar a carga do nosso planeta de produzir novos recursos e de decompor itens que já encerraram seu ciclo de vida. Além, é claro, de sermos uma indústria artesanal, cujo processo produtivo não se baseia em ciclos de carbono. Então, nos orgulhamos de estarmos no caminho certo – e somos gratos a você, que acredita no nosso propósito. Em troca, fazemos mobília para áreas externas para motivar você a entrar cada vez mais em contato com o natural que buscamos tanto preservar. E assim vamos acreditando no nosso negócio, preservando o meio ambiente e evoluindo o universo do design outdoor. E, como sempre, esperamos você na semana que vem para continuarmos nesse papo delicioso que mantemos por aqui.

Um abraço,
Studio Lovato

Leia mais.

Descubra mais do universo da Lovato.  Veja mais postagens »